segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Fazer ou não fazer

Estamos vivendo um grande dilema.
Toda vez que ocorre um sequestro a polícia é chamada e leva, além dos policiais do cotidiano, os negociadores, ambulância, corpo de bombeiros, cães farejadores, etc.
Os negociadores tentam – e muitas vezes conseguem – lograr êxito e os bandidos se entregam à polícia, liberando assim o ou os sequestrados.
Porém, ocorre que em algumas vezes não acontece um resultado satisfatório.
Como no caso Eloá, em São Paulo, quando ela e colegas realizavam trabalhos escolares foram feitas reféns por Lindemberg Fernandes Alves namorado dela. Inicialmente dois reféns foram liberados, restando no interior do apartamento, em poder do sequestrador, Eloá.
No dia 14, Eduardo Lopes, o advogado do sequestrador, passou a acompanhar as negociações do cliente com o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE). No mesmo dia, Nayara Rodrigues, 15 anos, amiga de Eloá, foi libertada, mas no dia 15 a policia paulista mandou-a de volta para continuar as negociações, que diga-se de passagem foi um erro gravíssimo permitir a volta para o cativeiro de uma adolescente.
Após mais de 100 horas de cárcere privado, policiais do GATE e da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo explodiram a porta - alegando, posteriormente, ter ouvido um disparo de arma de fogo no interior do apartamento - e entraram em luta corporal com Lindemberg, que teve tempo de atirar em direção às reféns. A adolescente Nayara deixou o apartamento andando, ferida com um tiro no rosto, enquanto Eloá, carregada em uma maca, foi levada inconsciente para o Centro Hospitalar de Santo André.
Eloá Pimentel, baleada na cabeça e na virilha, não resistiu e veio a falecer por morte cerebral.
A agonia dos passageiros do ônibus carioca que fazia a linha 174 no Rio de Janeiro, dia 12 de junho de 2000, no bairro do Jardim Botânico foi grande, quando o assaltante Sandro do Nascimento trajando bermuda, camiseta e um revólver calibre 38 à mostra, pulou a roleta e sentou-se próximo a uma das janelas.
O motorista e o cobrador abandonaram o veículo e alguns passageiros também conseguiram escapar, pulando pelas janelas e pela porta traseira.
Dez passageiros, porém, foram tomados como reféns pelo sequestrador.
A vítima foi a jovem Geisa que foi alvejada quatro vezes.
A primeira vez, pela arma do policial, pois o que deveria ter sido o tiro letal no marginal feriu de raspão o queixo da moça.
A reação do bandido foi se abaixar, usando a jovem como escudo. Ao mesmo tempo, disparava à queima roupa atingindo seu tronco e o meio das costas.
Recentemente, também no Rio de Janeiro, três bandidos resolvem assaltar os passageiros de um ônibus e não lograram êxito, dois bandidos se entregaram e um deles carregava uma granada. Um terceiro sequestrador havia saído do ônibus mais cedo e trocou tiros com a polícia ao fugir.
Sabe-se que quatro pessoas foram baleadas: duas passageiras e um homem que estava dentro de um veículo que passava pelo local. Um outro homem foi atingido de raspão na perna e já foi liberado do hospital. Uma mulher levou um tiro no tórax e seu estado de saúde é grave. A outra mulher foi atingida perto da região do glúteo e passa bem, e o homem foi baleado no pescoço. Ele está em observação.
Além dos quatro, um policial foi ferido na perna, e foi levado para o hospital central da Polícia Militar. Onze reféns saíram ilesos na operação.
A perícia concluiu que quatorze tiros foram efetuados de fora para dentro do ônibus por policiais militares – tendo dois policiais sido afastados de suas funções – e agora está o grande dilema.
Se a polícia não reage, ou demora a reagir é criticada por sua inércia.
Quando é enérgica e reage é criticada ou seus policiais são afastados e denunciados por atitude precipitada.
Em Garanhuns, no Estado de Pernambuco, um dos bandidos, após uma tentativa de assalto a uma farmácia na cidade, sem ter como fugir fez uma funcionária de refém, ameaçando-a com uma faca.
Mesmo com o cerco policial, o ladrão insistia na idéia de fugir e colocando em risco iminente a integridade da mulher, encostando a faca em suas costas, pescoço, boca e até mesmo os olhos.
Depois de mais de duas horas de negociação, o bandido obriga a vítima a se ajoelhar e faz um último gesto ameaçador, obrigando a ação enérgica da polícia que através de um atirador de elite realizar um tiro de precisão.
Ocorrência bem sucedida, uma vez que o homem foi morto e a vítima saiu ilesa.
Será que não está na hora de além de toda a parafernália que levam para negociar, quando de um sequestro, não poderia levar também, um sniper?
Sabemos que não é o simples ato de puxar o gatilho, pois terá que vir uma ordem superior.
Atirar ou não atirar – eis a questão.